domingo, 26 de maio de 2013

NATU BLUES FESTIVAL

Arte de Jader Correa
Natu Blues 2002

Aconteceu em Porto Alegre, nos dias 23, 24 e 25 de abril de 2002, o II Natu Nobilis Blues Festival. O Natu Blues ocorreu em Porto Alegre pois, segundo André Christovam, diretor artístico do evento: “Porto Alegre é a ‘meca’ do blues no Brasil, tem ótimos músicos e um público fiel”. Na noite de abertura tocaram Nasi & Os Irmãos de Blues e Magic Slim & The Teardrops. Infelizmente não pude comparecer neste dia.

No dia 24, chamado de “Celebrity Night”, fui conferir os shows de Carey Bell & Natu Nobilis Blues Band (banda formada por músicos gaúchos para acompanhar o gaitista norte-americano) e Hubert Sumlin & André Christovam Trio. Embora Carey Bell tenha acompanhado os grandes mestres do blues como Muddy Waters e Willie Dixon, seu show foi meio morno. Hubert Sumlin é a lenda viva do mais autêntico blues de Chicago e inspirou feras como Jimi Hendrix e Eric Clapton. Seu show foi bala, o velhinho detonou sua guitarra como um moleque no palco e, ainda de quebra, contou com o apoio do excelente guitarrista brasileiro André Christovam. Durante o show de Sumlin ocorreu a “Celebrity Night”, com Coco Montoya e Big Time Sarah subindo ao palco para uma Jam Session.

No encerramento acompanhei os shows de Big Time Sarah & Blue Jeans (banda paulista escalada para acompanhar a diva) e Coco Montoya & Band. A abertura da noite ficou por conta dos gaúchos da Hoochie Coochie Band. O show de Sarah foi magnífico, a diva conquistou o público com seu vozeirão e sua performance de palco, sem falar que a banda Blue Jeans, que a acompanhou é muito boa. Grande show! Fechando o festival, o guitarrista canhoto, ex-aluno da lenda Albert Collins, Coco Montoya, fez um show mais rock’n’roll, fugindo um pouco do estilo blues. Ótimo festival! Local apropriado (Bar Opinião) e um timaço de primeira! O que podemos querer mais? Só esperar pelo ano que vem.

Natu Blues 2003

A primeira noite abriu com Robson Fernandes Quarteto. Considerado a nova revelação da harmônica (gaita de boca) nacional, Robson fez um show curto mas com bastante energia, digno da abertura do festival. Após tivemos um encontro inusitado, a Natu Nobilis Blues Band, banda formada especialmente para o evento com músicos gaúchos, e o gaiteiro Renato Borghetti. Foi o melhor momento do festival, com Borghetinho ponteando um Blues ou fazendo um duelo com a guitarra bluesy de Fred Sun Walk. Fechando a noite, subiu ao palco o norte-americano John Hammond, considerado um Mestre do Blues.

Para a Segunda noite, abriu os serviços o gaúcho Andy Rodrigues, um dos pioneiros do Blues no estado. Logo em seguida vieram os cariocas da Baseado em Blues, mas que, infelizmente, não tocaram Blues, e sim músicas com influência do Funk anos 70. Fechando o festival, o norte-americano Kenny Neal e a sua The Neal Brothers Blues Band, mostraram aos gaúchos um verdadeiro Blues do Sul dos Estados Unidos. Neal já acompanhou Mestres como Buddy Guy e Junior Wells e, só por aí, dá para imaginar que o cara é fera.

Natu Blues 2004

O show de abertura ficou com Big Chico & The Shuffles. Chico é gaitista da nova geração e sua banda conta com o guitarrista Lancaster. O convidado especial do show foi o mestre do órgão Hammond B3, Deacon Jones, que em seu currículo inclui 18 anos ao lado do lendário John Lee Hooker. Deacon encantou o público com seu carisma e solos performáticos. Na seqüência o gaitista Sérgio Duarte e a banda Entidade Joe fizeram um show com músicas cantadas em português.

Mas a grande atração do festival foi Lucky Peterson, que encerrou a primeira noite. De início a banda de Peterson mostrou que não veio só a passeio. Com uma pegada funky poderosíssima, apresentou um virtuosismo que levantou o público. Mas quando Lucky entrou em cena, logo foi ovacionado, e o mestre retribuiu primeiro no órgão Hammond B3 e depois, para delírio de todos, na guitarra. Foi um show memorável. Na Segunda noite subiram ao palco do Bar Opinião, o gaúcho Gambona, a Natu Nobilis Blues Band com a participação do clarinetista Paulo Moura e a guitarrista norte-americana Deborah Coleman. Vida longa ao Blues!

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jader Correa (RS)