segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FERNANDO NORONHA & LUCIANO LEÃES


A dupla Fernando Noronha (guitarra) e Luciano Leães (teclado) tocam juntos desde o final dos anos 1990, quando Leães foi incorporado a banda de Blues Black Soul, que ganhou notoriedade nos palcos gaúchos apresentando um blues com muita pegada e fortemente influenciado pelos grandes guitarristas contemporâneos como Steve Ray Vaugham. Logo a banda começou a percorrer os circuitos nacionais e internacionais de Blues e Jazz, tendo tocado por toda a América Latina, Canadá, Europa e até no Leste Europeu.

Após 7 discos gravados: Swamp Blues (1997), Heartfull of Blues (1999), Black Soul with Ron Levy (2000), Live in Europe (2001), Changes (2003), Bring It (2006), Meet Yourself (2010), a Black Soul foi incorporando novas influências e desenvolvendo um estilo mais pessoal, mas sem deixar de fazer as referências essências para uma banda de Blues. Neste sentido, trabalhar com nomes tão diversos do Blues como BB King, Chuck Berry, Buddy Guy, Carlos Santana, Ron Levy, entre outros, parece ter sido importante.

Fernando Noronha foi influenciado por Albert King, Fredy King, T-Bone Walker, Jimi Hendrix, SRV, Rory Galagher e Jhonny Winter. Já Luciano Leães apresenta influências de Jimmy Smith, Richard Groove Holmes, Jimmy McGriff, Brother Jack McDuff, além de Ron Levy, com quem gravou um disco. Nas composições, a dupla pega estas influências todas e saem em busca de uma sonoridade própria para a Black Soul.

No dia 18 de novembro de 2012, Fernando Noronha e Luciano Leães subiram ao palco do Átrio do Santander Cultural, em Porto Alegre, para apresentação mais intimista, sem toda a parafernália de uma banda completa com baixo e bateria. O show mostrou todas as influências guitarreiras de Noronha e Leães, que já na largada chamaram um Blues instrumental de Fredy King, um dos mais reverenciados guitarristas do gênero. Em seguida clássicos de Lazy Laster, Jhonny Winter, T-Bone Walker e Muddy Waters foram intercalados por composições próprias da dupla no repertório do show. Uma apresentação muito bacana destas feras do Blues produzido no Rio Grande do Sul.

Confiram abaixo o vídeo gravado por Denilson Reis e editado por Anderson Ferreira:


Abaixo ingressos autografados pelas feras do Blues Gaúcho:

Autógrafo de Fernando Noronha e a palheta usada no show
Autógrafo de Luciano Leães

Texto: Denílson Rosa dos Reis

sábado, 22 de setembro de 2012

HARMÔNICA HINDS

Harmônica Hinds & Denilson Reis

Melvin Harmônica Hinds é um dos últimos gaitistas afro de Chicago que toca o Blues do velho estilo. É multi-instrumentista: canta, toca harmônica, guitarra, violão, banjo e bateria. Está ativo no cenário musical desde 1970, onde foi músico da casa Teresa’s Lounge onde dividia palco com feras do blues contemporâneo como Júnior Wells, Sammy Lawhorn, John Primer, Earnest Johnson entre outros. Hinds teve a oportunidade de gravar em álbuns de muitas estrelas do Blues como Koko Taylor, Lefty Dizz, Big Moose Walker, John Primer, Eddie Taylor Jr., Mud Morganfield e acompanhou músicos como Pinetop Perkins, Willie “Big Eyes” Smith, Louisiana Red, Louis Myers, Dave Myers, Willie Dixon, Magic Slim, Fred Below, Willie Kent entre outros.

Hinds já participou de alguns dos maiores Festivais de Jazz e Blues nos EUA, Canadá, Inglaterra, Holanda, Bélgica, França, Espanha, Alemanha, Suíça, Polônia, Áustria, Grécia e Japão, além da América do Sul. Hoje pode ser visto regularmente no Legends Buddy Guy com performance vibrante e entusiasmada onde canta músicas fortemente influenciado por Little Walter, Myers Louis, James Cotton, e Terry Sonny. Possui dois álbuns lançados: “Harmonica Hinds Finally” e “Anything If I Coud”.

Harmônica Hinds esteve em Porto Alegre dia 02 de setembro de 2012 para apresentação no Átrio do Santander Cultural. Sozinho no palco, cantou, tocou guitarra e fez solos em sua harmônica, onde mostrou que é um ótimo gaitista, tanto nos solos como nas melodias das músicas. Tocou clássicos do blues e músicas de seus discos próprios como “If  Speed Was Just a Throght”. Hinds foi carismático, sempre tentando contato com o público e fez interpretações bastante inspiradas no sentimento do blues.

Autógrafo de Harmônica Hinds
Confira Harmônica Hinds ao vivo em Porto Alegre


Texto: Denilson Rosa dos Reis

domingo, 26 de agosto de 2012

Richard “Rip Lee” Pryor Parte 2


Rip Lee com o Blueseria
O blueseiro norte-americano Richard “Rip Lee” Pryor retornou a Porto alegre, no dia 15 de julho de 2012, para apresentação no Átrio do Santander Cultural. Rip Lee veio para substituir outro blueseiro norte-americano, Tom Hunter, que por motivo de doença não pode cumprir com sua agenda. Este foi o segundo show de Rip Lee no Átrio, por isso o título Parte 2.

Richard Pryor nasceu em 17 de abril de 1958, em Chicago, Illinois. Filho do falecido mestre do Blues, Snooky Pryor, Rip Lee ainda criança pegava as harmônicas que seu pai descartava. Mas, na adolescência, passou a tocar guitarra até formar uma banda de blues com seu irmão Earl Pryor. Influenciado por Jimmy Reed e Big Walter Horton, grava em 1998, seu próprio trabalho, o disco “Pitch a Boogie Woogie”, onde toca praticamente todos os instrumentos na maioria das músicas. O disco foi bem recebido pela crítica.

Em sua apresentação, Rip Lee praticamente repetiu o show do ano passado, com repertório calcado em seu disco “Pitch a Boogie Woogie” e clássicos de mestres como Jimmy Reed, sua grande influência. Nesta apresentação, o blueseiro veio acompanhado de Cristiano Ferreira, guitarrista de blues gaúcho, mas radicado em Santa Catarina, que abrilhantou com sua apurada execução de guitarra.

No final da apresentação, tive a oportunidade de entregar ao Mestre do Blues um exemplar do meu fanzine, o Blueseria 06, onde, entre outras matérias, tem comentários do show anterior de Rip Lee. O blueseiro, ao ver sua foto no zine, abriu um longo sorriso (ver foto).

Autógrafo de Rip Lee
Texto: Denílson Rosa dos Reis

quinta-feira, 19 de julho de 2012

USINA BLUES (1993)


Ilustração de Marcelo Tomazi

Terra Plane
A banda Terra Plane apresentou-se dia 01 de outubro de 1993 na Usina do Gasômetro em Porto Alegre, dentro do Projeto Usina Blues que visa levar o melhor do blues do estado do RS gratuitamente a população de POA, sempre na primeira sexta-feira do mês. A banda tem dois anos de estrada, se apresentando nos bares de POA. Seu repertório é baseado em clássicos do rock’n’roll, embora o projeto seja dedicado ao blues. O show foi bom embora a banda não tenha apresentado nada de excepcional.

Blues Makers
A banda Blues Makers da Serra Gaúcha (Caxias do Sul), apresentou-se no Usina Blues dia 06 de novembro de 1993. Formada por André Coelho (guitarra de voz), Serginho Florão (teclados), Rafael Schmit (baixo) e Marcos Zambon (bateria), a banda iniciou com “Riviera Paradaise” de Steve Ray Vaughan e logo em seguida uma composi~ção homenageando o próprio. A partir daí a banda desfilou clássicos de  Johhy Winter, Buddy Guy e Muddy Waters, entre composições próprias. O show estava muito bom, e para melhorar André chamou seu irmão, Solon Fishbone, um dos melhjores guitarristas de blues do estado para o grande final.

Solon Fishibone
Dia 03 de dezembro de 1993 teve continuidade o projeto Usina Blues. Realmente é o melhor do blues que tocou nesta edição. Solon Fishbone é uma revelação do blues gaúcho, mas já em 1994 deverá lançar seu primeiro disco. Solon já havia lançado uma demo para o circuito porto-alegrense e feito vários shows, portanto já esperava-se uma grande apresentação. O bluesman não decepcionou o público que foi até a Usina do Gasômetro curtir seu show. Solon iniciou o show tocando uma cover do Cream, banda de Eric Clapton do final dos anos 1960. Aí Los Cobras já começaram a mostrar porque são cobras: tanto o lendário baixista Flávio Chaminé, quanto o baterista Alexandre Barea detonaram ao lado de Solon. O show continuou a mil com músicas próprias e releituras de Willie Dixon, Hollim Wolf, Ottis Rush e Steve Ray Vaughan. Por falar nele, Solon parece incorporar o cara, e isto é um show a parte. Para finalizar, tocam Hendrix e a galera vai ao delírio.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Marcelo Tomazi (RS)

domingo, 10 de junho de 2012

MAGIC SLIM


Ilustração de Jader Correa

Há 3 três anos Magic Slim, o “Gigante do Blues” fez sua primeira apresentação em Porto Alegre, quando lotou o Salão de Atos da UFRGS. Agora, três de maio de 1993, Magic detonou outra vez tocando no Ginásio Municipal Tesourinha. Magic Slim, um gigante de 2,10m, 56 anos, volta a Porto Alegre em uma turnê para divulgar “Blind Pig”, disco lançado ano passado. No Brasil, Magic tem dois discos lançados: “Higway is Home” e “Raw Magic”. O show de abertura ficou por conta dos Blues Brother, trio formado pelos gaúchos Iben Ribeiro (violão e voz), Julio Cascaes (guitarra slide) e Homero Luiz (vocal), que tocaram de Robert Johnson a Freddie King e contaram, ainda, com a participação de Ney Lisboa.

As 21h e 40min a The Teardrops, banda de apoio de Slim, formada por Lefty Dizz (guitarra e voz), que barbarizou com sua fender stratocaster, Nick Holt (baixo e voz), seguro e dono de uma super voz e Earl Howell (bateria) que parecia um metrônomo, subiram ao palco. Realmente uma super banda de blues. 53 minutos após a Teardrops estar aquecendo o ânimo do público, Magic Slim sobe ao palco empunhando sua surrada guitarra fender jazzmaster. O público vai ao delírio, aplaudindo e acompanhando todas as músicas. “Mustang Sally” é cantada praticamente por todos, transformando num dos melhores momentos do show.

Mas o melhor ficou mesmo para o final, onde já no bis, Magic tocou “The Blues Is Allright”, música que virou hino do Blues Festival de Ribeirão Preto/SP e desta vez o público em peso cantou com o mestre. Parecia ser o final do show, mas Magic voltou e detonou outro bis com muito blues. Magic Slim com seus 56 anos nas costas provou que é uma lenda viva do blues, pois Magic, seu “blues is allrigh!”.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Jader Correa (RS)

quarta-feira, 23 de maio de 2012

ANDRÉ CRISTÓVÃO


Ilustração de Ronilson Leal
Nos dias 20 a 23 de setembro de 1994 aconteceu o Festival Usina e Cultura em POA. Dentro do festival fui conferir o show que André Cristóvão realizou no dia 22 de setembro. Sou apaixonado por blues, mas ainda não havia visto ao vivo o melhor bluesman do país.

André subiu ao palco com um Power trio, o famoso guitarra/baixo/bateria e foi executando standers do blues e composições próprias. André tem um filing para usar o slade (peça de metal colocada no dedo mínimo para dar efeito nas cordas ao deslizar sobre elas), e fez solos de arrepiar. Teve neguinho que não parava de urrar e confesso que em alguns momentos fiquei de cabelo em pé. O ponto alto foi quando subiu ao palco Solon Fishbone, revelação do blues gaúcho e que começa a conquistar o mercado nacional.

André e Solon fizeram duelos alucinantes, foi um prêmio a mais para o público. Mas o momento mais hilariante estava por vir, Steve Ray Vaughan, o grande bluesman contemporâneo, que infelizmente nos deixou após um desastre aéreo, tinha a mania de colocar a guitarra sobre os ombros e sair solando, pois André fez o mesmo e mais, o baixista também, e para não ficar para traz, o baterista, impossibilitado de erguer a bateria nas costas, resolveu tocar de costas para o instrumento. Foi pouco mais de 1 hora com o melhor do blues brasileiro, prova disto é que André esta viajando para os EUA para acompanhar ninguém menos que Albert King.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Ronilson Leal (SP)

domingo, 22 de abril de 2012

LEROY CARR – O BLUES TRÁGICO


Arte: Marcel de Souza

Muito antes de James Dean e Marilyn Monroe, a autodestruição já dava bom ‘marketing’. Vejam o que a imprensa especializada fez com um bluesman lendário:

“O que tornou Leroy Carr um dos melhores cantores de blues de todos os tempos também o matou. Dizem que para cantar o blues é preciso vivê-los. Leroy Carr fez as duas coisas. Morreu em 1935, pouco antes de completar 30 anos. O problema é que Leroy sofria o pior tipo de blues: bebeu até morrer.”

Leroy Carr nasceu em Nashville em 1905. Um dia, passou pela cidade um pianista chamado Ollie Akins. Leroy se entusiasmou com o que viu e começou a imitá-lo. Continuou aprendendo de outros pianistas que ouvia e de repente se viu ganhando a vida cantando e tocando em bares. Os amigos davam força para que ele fosse gravar em Chicago e o encontro com Scrapper Blackwell o decidiu a pegar um trem para o norte na primavera de 1928. Acertou de saída, com o seu primeiro disco, para a Vocalion, “How Long How Long Blues”. Em outubro de 1928 lançou seu disco seguinte, “Broken Spoke Blues. Leroy ficou com a Vocalion até dezembro de 1934, gravando 114 blues e seis diferentes versões de “How Long How Long Blues”.

O especialista Giles Oakley, em “The Devil’s Music: A History of the Blues, diz que Leroy e Blackwell “mostravam um ligação quase telepática em seus duetos.” Mas a autodestruição fazia parte do show e os dois competiam em proezas etílicas. Descontentes com a Vocalion, Carr e Blackwell foram levados a outra gravadora, a Bluebird, pelo bluesman Tampa Red. Na hora de assinar, Scrapper começou a reclamar que Leroy é que ficava com a fama e o dinheiro da dupla e nada sobrava para ele. Depois de gravarem umas duas canções, as hostilidades vieram à tona e Scrapper teve de ser retirado à força do estúdio. O que Leroy gravou sem ele foi de péssima qualidade. Depois das gravações houve uma festa no clube onde Tampa Red estava cantando, mas Leroy não compareceu. Mais tarde, souberam que ele estaria fazendo shows no Sul. E então veio a notícia de que havia morrido de tuberculose em Memphis.

Scrapper morreu com Leroy. Morreu para a música, mas sobreviveram até hoje no som arrastado e pungente de “How Long How Long Blues”.

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Marcel de Souza (RS)
Fonte: Blues – Da Lama a Fama (Editora 34)

quarta-feira, 14 de março de 2012

MAIS E MELHORES BLUES – 2 ANOS


Arte: Marcelo Tomazi
No Rio Grande do Sul, os fãs de blues sempre terminam seu domingo em paz de espírito independente do resultado dos jogos da dupla GRENAL no final de tarde, pois, a rádio Ipanema FM leva ao ar o programa Mais e Melhores Blues às 23h, apresentado por Sandro Moura e Ale Ravanello. Assim, o blues alivia a alma e renova nossas forças para a semana que virá.

Em dezembro de 2011 o programa completou 2 anos no ar, embora ele já tenha sido apresentado alguns anos atrás. Nesta retomada de 2 anos, o programa se caracterizou por ser o único que toca só blues, além de levar os músicos de Porto Alegre para falar de seus projetos e shows. Também conta com a participação de amantes do blues radicados nos EUA e Europa que trazem as novidades do que esta acontecendo por lá. Para comemorar o aniversário de 2 anos do programa, Sandro e Ale organizaram uma festa no Live Sport Pub, em Porto Alegre, no dia 02 de dezembro de 2011. Uma das atrações foi o show de Solon Fishbone, blueseiro gaúcho, que havia lançado, semanas antes, seu novo disco “Fish Tones”.

A abertura da noite ficou com a banda dos apresentadores, onde Ale Ravanello (gaita) e Sandro Moura (bateria) tocaram clássicos do blues aquecendo as válvulas e o público. Ravanello mostrou que é um ótimo gaitista (harmônica). Solon Fishbone subiu ao palco tocando músicas de seu recente disco, chamando em seguida seus convidados da noite: André Coelho, seu irmão e parceiro na Bluesmakers; Coie Lacerda, amigão de longa data; os gaitistas Ale Ravanello e Gaspo Harmônica; e o convidado especial, Fernando Noronha. No final, Solon voltou ao palco com sua banda para tocar “She’s So Hart To Find”. Enfim, uma noite especial para um programa especial.

Noronha, Solon & Banda

Texto: Denilson Rosa dos Reis
Ilustração: Marcelo Tomazi (RS)